Brasileiros anunciam mapeamento genético da seringueira

De olho no mercado global de látex, pesquisadores brasileiros concluíram o sequenciamento genético da seringueira (Hevea brasiliensis). Os líderes globais na produção da substância são Tailândia, Indonésia, Malásia e Índia. O Brasil, que já foi grande exportador e é centro de origem da planta, em 2011, contribuiu com apenas 2,5% da oferta mundial de látex. Isso porque um dos principais obstáculos para o desenvolvimento da cultura da seringueira, a heveicultura, é a presença do fungo Microcyclus ulei, que encontra no País ambiente favorável: clima tropical e altas taxas de umidade.


O mapeamento pode trazer informações úteis para programas de melhoramento genético, a exemplo do funcionamento do metabolismo da planta, a relação do vegetal com o meio ambiente e genes de resistência a doenças e pragas. Segundo o biólogo da Universidade de São Paulo (USP) Rippel Salgado, cujo trabalho de pós-graduação é baseado no sequenciamento, o estudo é pioneiro porque usa vários órgãos e tecidos de seringueira e em diferentes estágios de desenvolvimento. “Por isso obtivemos tantas novidades em relação às pesquisas anteriores, geramos dados importantes a serem usados em diferentes áreas da biotecnologia.” As abordagens feitas por instituições estrangeiras focavam em analisar o látex e tecidos diretamente relacionados com a sua produção, deixando de lado possíveis peculiaridades pertencentes a toda a fisiologia da planta. Outro diferencial do estudo brasileiro é a disponibilização ampla e irrestrita dos resultados.

A heveicultura é bastante rentável economicamente já que quase não precisa de mecanização e fixa a família dos agricultores no campo. Além disso, tem apelo sustentável por equivaler à formação de florestas plantadas com uma árvore genuinamente brasileira. Uma parte importante da história do País está vinculada ao cultivo da seringueira, dado que a produção da borracha foi uma das atividades econômicas que contribuiu com o processo de ocupação e modernização da região Norte. Nessa época, cidades como Manaus e Belém viveram sua “era de ouro”.

Fonte: CIB

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