Na prática, esse exército microscópico ajuda a fabricar
alimentos mais saudáveis, seguros e mais acessíveis economicamente por meio de
processos industriais controláveis, seguros e de alta escalabilidade.
Pode parecer uma técnica recente, mas o uso de
microrganismos na alimentação não é uma novidade. Registros da civilização
babilônica comprovam o uso de leveduras na produção de pães e cerveja por volta
de 4500 anos antes de Cristo. Também na bíblia há menções à produção de queijos
e pastas lácteas a partir da fermentação de microrganismos do leite.
Com a evolução da biotecnologia surgiram outras
aplicações. “Os microrganismos hoje
ajudam a fabricar substâncias para realçar sabor, agregar textura, cor e
consistência, e até elevar a quantidade de vitaminas em alimentos”, explica
Airton Vialta, pesquisador-doutor em microbiologia e conselheiro do Conselho de
Informações sobre Biotecnologia (CIB).
As substâncias mais comuns produzidas por microrganismos na
atualidade são a quimosina, usada na coagulação de queijos; a amilase, que dá
sabor e textura a pães e massas; a protease, que torna a carne mais macia; a
goma xantana, usada para agregar viscosidade a líquidos; o ácido glutâmico, que
realça sabor; e a Vitamina B12, que previne problemas cardíacos. A maioria dessas substâncias tem disponibilidade limitada na
natureza, mas o uso de microrganismos geneticamente melhorados viabilizou sua
produção industrial, com alto rendimento e, principalmente, segurança.
Vialta cita o exemplo da produção quimosina, que, com a
biotecnologia, tornou-se mais segura. Encontrada no estômago de bovinos, esta
enzima utilizada há milênios era isolada num processo agressivo aos animais e
passível de contaminação. No entanto, recentemente, pesquisadores desenvolveram
um meio de obtê-la por meio de bactérias geneticamente modificadas.

Recentemente pesquisadores californianos conseguiram
reproduzir em laboratório uma bactéria de alto desempenho fermentativo que
continha um genoma totalmente sintético. “Isso significa que em breve será
possível sintetizar um número cada vez maior de substâncias usadas em
alimentos, na medicina, na indústria química e até na produção de
combustíveis”, diz Vialta.
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